domingo, 15 de agosto de 2010

Morte

Sabe, não é nada fácil perder alguém. Não que em minha curta existência eu tenha perdido muitas pessoas, mas as que se foram bastaram pra mostrar o quão tênue é a linha entre o sorriso e o choro, entre o calor humano e a frieza cadavérica, entre a alegria e a reflexão. O quão insignificantes, fracos e pequenos somos ante a magnitude do mistério que envolve a morte.
Independente de ponto de vista espiritual, ou de religiões, ou de crenças, o que no fim é tudo a mesma coisa, a morte é o mistério que paira sobre a cabeça das pessoas. Desde o nascimento se espera a morte. Isso só prova que aqueles que se dizem melhores que os outros, que se acham no direito de ser mais que alguem, acham que podem tudo na verdade não são nada. São apenas seres vivos como eu, você, o cão que late aí na esquina e o microorganismo que habita a sua pele. Todos iremos morrer.
Aí você deve estar pensando "Ah vá, é mesmo? Conta uma novidade aí." E eu te digo: não existe mistério na morte. Não existe novidade, não tem segredo. A vida é uma droga de um ciclo vicioso. Você nasce, vive, cresce, ser reproduz [se quiser ou se puder] e ao fim, morre.
Realmente, a morte não merece todo esse temor, Caralho, se você sabe que vai morrer, pra que ficar se lamuriando? Aproveite os dias que te restam da melhor maneira possível, viva bem à sua maneira, não seja demasiado altruísta, só faça algo por que você acha que faria algo pra você. Abraçe quem você ama. Esmague uma barata. Faça uma casinha de LEGO. Faça o que você bem entender, tendo a ciência de que a partir do seu nascimento, asua vida éuma contagem regressiva pro seu fim.
Quer fazer homenagens? Dar flores? Chorar? Sorrir? Lembrar dos bons momentos? Faça isso enquanto a pessoa tá viva. Enquanto ela pode sentir o calor do teu abraço, pode sorrir ao ver o ramo de flores colhidos apressadamente, pode relembraros bons e os maus momentos contigo, pode chorar com você, enqnato essa pessoa SABE que você a ama e você demonstra isso pra ela.

Agora, depois de morto, tanto faz você se debulhar em lágrimas em cima do caixão do seu querido ou mijar nele. Tá morto mesmo. Não faz diferença. Aquilo que você abraça, beija e se lamenta por é apenas um corpo inerte, uma massa de carne em processo de decomposição.
Abraçe, beije, ame, sinta, seja enquanto és vivo.


Uma coisa é homenagear o morto sabendo que fez o mesmo em vida.
Outra coisa muito diferente é se debulhar em lágrimas, comprar uma enorme coroa de flores sabendo que você nunca sequer abraçou o falecido.

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