segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Dúvida?!

Ela continuou caminhando. Não parou, mesmo que seus pés sangrassem profusamente. Não gritou, mesmo que sua pele tivesse sido arrancada totalmente. Não se deu ao trabalho de chorar, pois o calor ressecara suas lágrimas. O que restava agora? A solidão.

O escuro era seu maior sonho e seu pior pesadelo agora. Nada era tão belo e assustador. Nada era tão calmo e frenético. Mesmo no escuro, ela continuou caminhando. Lembrava de seus últimos momentos. A eternidade caminhando no calor insuportável foi, na verdade, poucos segundos. Seu maior desejo agora? A morte.

Mas a morte não era uma opção. A morte não era uma possibilidade, a morte não era um limite. Naquele momento, a morte era uma passagem, um segredo, uma severa punição. Punição pelos crimes hediondos e brutais que havia cometido. Qual havia sido seu crime? A dúvida.

A dúvida entre o bem e o mal, a morte e a vida, entre a insanidade e a loucura. Entre viver e morrer, entre enxergar e permanecer cega, entre ouvir o mundo ou pensar sobre a sanidade. A dúvida, a cruel dúvida, o destino que Sartre impôs aos seres vivos. Escolher, dentre um universo de possibilidades, a melhor opção.



Ela havia feito a sua pior opção, e por ela pagava.
Matara seu filho, e agora queimava no inferno.

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