A porta abriu. Uma bela moça entrou. O rapaz disse:
- Sente-se aqui ao meu lado.
- Tudo bem.
- Eu ainda te amo sabia?
- Ainda? Então você um dia deixou de me amar? Seu pilantrinha!
Os dois riram. O jovem casal, tinham no máximo 17 anos cada um, estava sentado confortavelmente em um sofá posto às pressas no terraço do edifício mais alto de Curitiba. O céu estava de uma cor vermelho-sangue. Um espetáculo raro.
- Que horas vai ser?
- A televisão falou que seria lá pelas seis e meia da manhã.
Ela olhou no relógio de pulso dele.
- É quase cinco e vinte amor!
- Numa hora dessas, o que mais importa o tempo? Só me interessa ficar com você.
E eles se abraçaram. E assim ficaram, observando o comportamento anômalo do sol, o desespero das aves, ouvindo os gritos de desespero das pessoas lá embaixo. Era até engraçado, eles tão sossegados observando tudo enquanto os outros se desesperavam.
- Sabe, poderíamos ter vivido tantas coisas juntos... casar, ter filhos...
- Fernanda, você sabe que eu te amo demais, e nós teríamos feito tudo isso não fosse pelo...
E não conseguiu terminar a frase.
Eles nem se deram conta, mas faltavam quarenta segundos para as seis e meia. O sol tingia o horizonte de sangue, e as nuvens pareciam fantasmas bailando pra lá e pra cá.
- Amor, faltam dez segundos! E agora? O que fazemos?
- Aprecie o silêncio.
Eles deram as mãos e se beijaram.
E num instante, como que por mágica, tudo ficou silencioso. Um momento de respeito, um minuto de silêncio, uma eternidade de angústia.
E o meteoro X-297.8 – Alfa atingiu o Planeta Terra, dizimando todo e qualquer vestígio de vida.
Aquele era o silêncio que precedia o final.
Dedicado à Lajila e Kevin, os psicopatas mais apaixonados do mundo.
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