quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Abrace seus amigos. Pode ser a ultima oportunidade.

Conto totalmente fictício, mas que pode ensinar alguma lição. Grande abraço pro pessoal do chat Força Fantasma. (Topam, Gabyy, Diih, Nicoly, Natan e toda a galera do chat.)

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Olá. Eu tinha um amigo, sabem. Mas não era um amigo qualquer. Era um irmão. Um irmão gêmeo que nasceu de outra barriga, pensávamos igual, agíamos igual, éramos um só. Ele era meu melhor amigo, sem sombra de dúvida.

Era.

Era meu melhor amigo.

Era um dia de sol, e eu estava no parque com a minha namorada. Ele ficou em casa, ouvindo música. De repente ele aparece no parque, conversa conosco, lancha conosco, passamos uma tarde maravilhosa. Minha namorada sabia da nossa amizade profunda, e por isso não se importava. Ela sabia que antes de qualquer coisa, vinha a nossa amizade, por isso não tentava se colocar acima dela. Era tudo muito perfeito. Ela tocava violão, cantávamos, ríamos, apesar de nossa idade, parecíamos crianças. E éramos crianças, sem maldade, sem ódio, era apenas felicidade. Uma tarde perfeita. Ele olhava para os corredores com um certo saudosismo, certamente lembrando de seus dias como maratonista. Por um segundo pensei ter visto lágrimas em seus olhos. Mas um segundo depois, ele estava contando uma piada sem graça, que obviamente, nos fez rir demais.

E ele foi falar com uma menina que ele havia achado bonita. E ela simplesmente olhou pra ele com cara de desprezo, virando-lhe as costas, com um muxoxo de “deficiente”. Seria normal, não fosse o fato de que anos atrás, ele salvara essa mesma menina de um atropelamento, empurrando ela mas deixando seu pé esquerdo na frente dos pneus do carro, que o esmagaram. Ele tinha uma prótese, vivia normalmente. Mas aquele ato de heroísmo lhe custara seu maior sonho, o de ser atleta profissional. Ele convivia bem com isso, porque sabia que fora por um bem maior, mas o que ela fez a ele não tinha perdão. Ele voltou até nós com um olhar fixo, com uma expressão de conformismo, com uma cara de quem diz “tudo bem, sem problemas, se tem que ser assim, será.”. Mas eu não sabia disso tudo, do fora, da cara de conformado. Só vira ele se aproximando com o que parecia ser um pedaço de pau na mão, por trás da minha namorada. Eu corri até ele e acertei um golpe no rosto, e ele correu, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto, brotando de seus profundos olhos verdes. Correu o máximo que suas limitações permitiam. Quando me aproximei para ver melhor a suposta arma da tentativa de agressão, horrorizado, constatei.

Era um buquê de flores, de lindas rosas, a flor que havia dado início a meu namoro. E tinha um cartão.

“Aos melhores amigos do mundo, por não me virarem as costas nunca e me estenderem a mão mesmo quando todos me consideravam um lixo. Eu amo vocês, o casal mais lindo e perfeito do mundo.”

Li aquilo e chorei, como nunca havia chorado antes. Minha namorada, coitada, tentava me consolar, mas nada poderia me redimir daquilo. Nada. Eternamente eu me sentiria culpado por ter agido daquela maneira. Fora instinto, mas eu desconfiei do meu melhor amigo. Eu achei que ele, justo ele, tão bondoso e pacífico, tão altruísta, faria algum mal a mim e aos meus.

Corri até a casa dele, o motor do carro mal desligara e eu estava batendo à porta. Chamei, chamei, chamei. Ninguém respondia.

-Se não abrir a porta eu arrombo essa porra!

Nada. Silêncio. Escuridão. Com um chute forte, derrubei a porta da casa simples na qual ele morava sozinho. Uma música tocava, vinha de seu quarto.

“Down in a hole, and I don’t know if I can be saved...”

E ele estava lá, deitado em sua cama, tão plácido e bonito, tão sereno, tão... morto.

O frasco de comprimidos para dormir jazia ao lado de um bilhete. Estava escrito em um papel pardo, e parecia que lagrimas haviam caído enquanto ele escrevia.

“Minha vida sempre foi uma droga. E quando eu penso que vou ser alguém dando uma de herói, me fodo. E quando penso que tenho amigos, eles não confiam em mim e acham que eu sou capaz de feri-los. Eles eram os pais que eu nunca tive, e é triste saber que nem os meus pais confiaram em mim. Sou um eterno perdedor. Mas de qualquer maneira, deixo todos os meus bens ao meu melhor amigo, que apesar de ser boa parte da causa da minha morte, me fez viver os momentos mais felizes da minha vida.No meu enterro, gostaria que tocassem Stairway to Heaven, do Led Zeppellin, e que minha guitarra fosse enterrada junto comigo. Amo vocês, meus amigos.”

Eu nunca chorei tanto na minha vida. Meu amigo morreu, e eu sou o culpado.

Abrace seus amigos. Você nunca sabe quando eles podem partir.

2 comentários:

  1. Ca-ra-ca, Lucas. Táquepareo. Isso tudo saí da tua cabeça? Como tu consegue? Quando eu crescer, eu quero ser igual a você. Flw.

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