sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sangue, frustração e cigarros.

E ele olhava para o fogo. E parecia que o fogo olhava para ele. Sua mãe, suas irmãs, sua primeira namorada, seu papagaio de estimação. Seu primeiro beijo, seu baile escolar. Sua professora mais querida, seu melhor amigo e sua faca de combate. Sua farda policial, seu fracasso no emprego, sua esposa o traindo e seus filhos passando fome. Seus crimes, vandalismos, seus roubos e assassinatos. Seus contratos, suas dívidas, seus cigarros e litros de café frio. Seu início na carreira de assassino de aluguel, as mortes, o sangue, mais cigarros, arrependimento, confusão. E mais cigarros, noites mal dormidas, programas religiosos, padres e pastores, xadrez, damas, trilha. E tudo isso se passava em uma psicodelia filmada. Cores, cores, cores, calor, calor, calor. E mais cigarros.
Quarenta e sete segundos haviam se passado desde que ele atirara na própria cabeça, espalhando sangue, frustração e cigarros pela parede.

(pelo menos no inferno tem fogo e eu posso acender cigarros com tranquilidade)

E o fogo da lareira continuava bruxuleante, refletindo agora a vida de um homem morto.

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