quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

And nothing else matters...

O garoto subiu ao palco. Seu violão em punho, ele sentou-se em um banquinho. Ligou o cabo de som ao seu instrumento e testou. Perfeito. Então ela subiu. Ela era linda. Estonteante. Seus cabelos negros em contraste com sua pele pálida e seus olhos castanhos brilhando à luz dos refletores. Ela deu um sorriso para o garoto.
- Oi!
- Oi. - respondeu ele com certa frieza, certo receio.
- Tudo bem?
- Aham.
- Não vai dizer seu nome?
- É de fato importante? - E deu um sorriso pra ela.
- Bem, o meu nome é Suzana. Isso pouco deve importar, mas enfim.
- Suzana, Flor do Lírio. Belo nome, condiz com a sua beleza.
Ela corou e sorriu. A platéia começou a chegar, e Caio foi pros bastidores com o propósito de arrumar algo no som. Ela ficou ali, atrás das cortinas do palco, esperando a hora certa. Ele voltou e pegou o violão.
- Pronto pra botar pra quebrar, garoto?
- Só se for agora.

A platéia silenciou. Caio soltou os primeiros acordes, o óculos refletindo as luzes do palco. Sua habilidade no violão impressionou a todos. Era uma gincana escolar na qual duas pessoas totalmente desconhecidas uma da outra tinham que realizar uma atividade juntas. Suzana e Caio só se conheciam de vista. Mas tinham muito mais em comum do que imaginavam.

Suzana começou a cantar. Enquanto cantava, as pessoas iam silenciando ante a tão bela voz. Até Caio ficou admirado com tanto talento, o que foi um incentivo para que ele conseguisse arrancar uma beleza inimaginável daquelas seis cordas metálicas.

So close, no matter how far...
Eles estavam muito próximos, podiam sentir a ansiedade e a agonia um do outro.
Couldn't be much more from the heart
Era algo que vinha do coração, não era simplesmente música. Era amor.

A música era tão linda que lágrimas escorreram dos olhos azuis de Caio. Aquele encontro musical era mágico. As luzes baixaram, deixando todos na penumbra. Suzana olhou para Caio e viu ele tão centrado, tão seguro e tão apaixonado pela música que tocava que sentiu algo diferente nascendo nela. Uma magia que nada tinha a ver com a música.

Never opened myself this way
Nenhum dos dois jamais se sentira tão vulnerável e bem
Life is ours, we live it our way
Era um momento a dois, não existia platéia, não existia ninguém. Só eles.
All these words I don't just say
nenhuma palavra descreveria o que os dois sentiam.
And nothing else matters

E nada mais importava naquele momento, nada além dos dois olhares apaixonados.

Eles ousaram trocar um olhar. Um meio sorriso assinava a reciprocidade. Parece impossível, mas os dois estavam apaixonados.

Na hora do solo, Caio tocou com tanta emoção, tanta paixão, tanta fúria e amor que ele e o violão pareciam um só. Suzana olhava para ele com uma admiração fervorosa, e ele olhava para o violão com uma concentração impecável. Formaram um dueto perfeito.


Ao fim da música, a platéia se levantou para aplaudir. Eles levantaram e agradeceram, e saíram para os bastidores. E lá seguraram um na mão do outro, seus olhares se encontraram e disseram ao mesmo tempo:
- Eu te amo.
Foi um beijo apaixonado e romântico. Eles formavam um casal lindo. Teriam um futuro glorioso pela frente. Seriam conhecidos como o casal mais lindo do planeta Terra. teriam filhos, uma casa, umc arro, e todas as noites ele iria tocar canções maravilhosas para ela e ela iria cantar com ele, e depois iriam dormir juntos, como um casal apaixonado.



E Suzana, conco anos depois, chorava ao lembrar disso, de todos os planos, de todas as felicidades. Naquela mesma noite, Caio fora assaltado e morto.

Com o cano da arma apontado para a fonte, Suzana recitava baixinho:
Tão perto, não importa o quão longe...
Em breve estarei perto de você meu amor. Eu te amo.

Um comentário:

  1. Lucas, puta que pariu, muito foda. Desculpa a quantidade de palavras "limpas" que eu falei agora, mas tem momentos que só um palavrão expressa. Teu blog é muito bom e os teus posts ficam cada vez mais FODA. Esse é o meu garoto. RIARIAIRIAIRA

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