Um dia chuvoso e frio. Cinzento. Os dois, sentados no sofá, olhavam os grossos pingos de chuva caírem e baterem contra a janela. Abraçados, em silêncio, contemplavam a janela, observando o vento bater nas árvores. O barulho da água caindo contra o asfalto era relaxante. O Sol não aparecia por trás das nuvens, e a fonte de iluminação era a fraca luz trespassando o vidro e o fogo crepitando na lareira. Os únicos sons eram o fogo estalando, a chuva caindo e a música triste no rádio.
“I’m going through changes, I’m going through changes! ♫ ”
Os dois estavam bem próximos. Ele podia sentir o aroma perfumado dos cabelos dela, ela sentia o perfume masculino exalando do pescoço dele. Ele começou a passar os dedos pelos longos cabelos dela, e a embaraçar e desembaraçar as madeixas longas e macias. Ela fechou os olhos e sentiu-se no paraíso quando ele levantou levemente sua cabeça, afastou os cabelos do rosto dela e acariciou seu rosto. Ele abaixou a cabeça e beijou a bochecha dela, e sussurrou com voz grave:
“Sabia que eu te amo?”
Ela nada falou, apenas ergueu o rosto e retribuiu o beijo, e voltou a aninhar-se nos braços dele.
A chuva continuava a cair, o fogo continuava a crepitar. E o dia cinzento lá fora de repente havia se tornado perfeito.